Desafios para os seguros e resseguros com alta nos sinistros climáticos

Por Cristina Vieira

De acordo com o estudo da OMM (Organização Meteorológica Mundial) intitulado “Atlas de Mortalidade e Perdas Econômicas de
Extremos de Tempo, Clima e Água”, eventos climáticos cada vez mais extremos causaram um aumento de desastres naturais nos últimos
50 anos. Eles representaram aproximadamente 50% dos desastres ocorridos entre 1970 e 2019, respondendo por 45% das mortes e
74% de todas as perdas econômicas.

Graças ao aprimoramento dos sistemas precoces de alarme e gerenciamento de desastres, o número de mortes foi reduzido a quase
um terço nesse período. Já as perdas econômicas aumentaram 7 vezes, sendo as tempestades as maiores causadoras de danos. Elas
têm sido cada vez mais intensas devido ao aumento de vapor de água na atmosfera. Além disso, o aumento da temperatura dos oceanos
afetou a frequência e a extensão das tempestades tropicais. Ainda de acordo com esse estudo, o aumento na frequência de extremos
de tempo e clima resultará em mais ondas de calor, secas e incêndios florestais, como temos observado em várias partes do mundo, tornando
cada vez mais necessário o investimento na gestão de desastres e gerenciamento de riscos.

O mercado global de seguros e resseguros tem sido cada vez mais afetado por esse cenário. O ano de 2022 foi o segundo consecutivo
em que as perdas seguráveis por catástrofes naturais ultrapassaram R$ 100 bilhões no mundo. Esse novo contexto traz uma série de desafios para esses mercados, seus clientes e para todos os profissionais que trabalham com o gerenciamento de riscos.

O primeiro desafio diz respeito à oferta de coberturas. Em 2023, nos EUA, algumas seguradoras restringiram coberturas em determinadas
regiões ou reduziram os tipos de danos a serem indenizados devido à notificação dos resseguradores de que as renovações dos contratos de resseguros vigentes nos Estados Unidos e Canadá teriam aumento nos preços, alguns acima de 100%. Além da intensificação dos eventos climáticos intensos, contribuiu para a decisão dos resseguradores o incremento das indenizações devido ao aumento do custo de reconstrução ocasionado pela inflação, a alta nas taxas de juros, que tornou o dinheiro mais caro, além da guerra na Ucrânia.

Um segundo desafio, também relacionado ao cenário acima descrito, diz respeito ao aumento nos preços. Os custos de proteção contra riscos estão aumentando em todos os níveis, movimento que tem sido percebido por empresas e pessoas físicas, que muitas vezes acabam por assumir o risco da perda ao não adquirir o seguro por considerarem o preço elevado. Ainda nesse contexto, seguradores e resseguradores têm por desafio o desenvolvimento de novos modelos preditivos buscando ampliar horizontes a fim de abarcar riscos imprevisíveis e aprimorar suas estimativas com o objetivo de gerenciar preços e provisionar os acúmulos de capitais, assegurando liquidez e solvência ao sistema como um todo.

Os últimos desafios que gostaríamos de citar estão relacionados à ampliação da cultura do seguro e gerenciamento de riscos, especialmente no Brasil. O volume de prêmios de seguro em relação ao PIB no Brasil é historicamente inferior ao da média global e ao de outros países da América Latina, como Argentina, Chile, Colômbia e México. Ampliar a inserção do seguro, além de ser importante para o desenvolvimento do país, é fundamental no atual cenário, até porque o Brasil também tem sido afetado por eventos mais intensos. Como exemplo, podemos citar o temporal que afetou o Litoral Norte de São Paulo em fevereiro desse ano e as enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul no mês de setembro.

Nesse sentido, o mercado segurador vem se movimentando e recentemente desenvolveu o PDMS (Plano de Desenvolvimento do Mercado Segurador), encabeçado pela CNseg (Confederação Nacional de Seguros). Esse plano contempla mais de 60 ações e tem como meta, até 2030, aumentar a participação no PIB do mercado de seguros dos atuais 6,5% para 10%, ampliar a população atendida em 20% e crescer o volume de indenizações de 4,6% para 6,5%.

A ampliação da cultura do gerenciamento de riscos também se torna fundamental diante desse novo cenário de incertezas, especialmente para empresas, já que elas precisarão reavaliar constantemente os riscos aos quais estão expostas, seus impactos e as alternativas para minimizá-los, a fim de reduzir perdas e preservar sua operação e patrimônio.

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