Após 63 anos da sua primeira competição nacional, o Osprey VII voltará às águas para seu grande teste pós-projeto de reforma que marcou a restauração da embarcação tricampeã mundial na década de 1960.
A partir desta terça-feira (23), o veleiro que hoje pertence o niteroiense Douglas Gomm – condutor da reforma -, disputará o Campeonato Brasileiro da categoria ao lado de mais de 100 embarcações, que juntas colecionam 25 títulos mundiais, 9 Panamericanos e 14 títulos SulaAmericanos, só na classe Sniper. A competição acontecerá no Iate Clube da Urca, no Rio de Janeiro.
“O ambicioso projeto de reforma de um barco de madeira com 64 anos de idade terá a sua grande “prova de fogo”. Ao lado de barcos modernos e recém-saídos da forma, o Osprey 7 disputará o Campeonato Brasileiro da categoria, 63 após a primeira competição nacional que disputou”, declarou com entusiasmo Douglas, campeão mundial na categoria júnior.
O atleta também destaca o alto nível desta edição nacional, que contará com nomes já consagrados na vela brasileira e mundial. “O nível do campeonato está altíssimo como só a classe Snipe consegue fazer. As regatas serão disputadas em uma única bateria, ou seja, lado a lado com outros 120 barcos por 9 regatas ao longo de 5 dias, além de que entre os participantes estarão presentes grandes nomes da vela, como Robert Scheidt, Mario Tinoco, Alexandre paradeda Bruno Bethlem Juliana Duque, entre outros”.
Para Douglas o maior desafio, no entanto, será manter a constância e o foco, pois qualquer deslize poderá significar perdas de pontos e resultados importantes. Mas, com todas as dificuldades, o velejador acredita que ele e sua equipe fizeram um bom trabalho e testarem o Osprey VII em diversas circunstâncias de navegabilidade, tanto nos ventos fracos quanto nos médios. “Estamos focados em fazer o nosso melhor, mostrar que os barcos antigos ainda podem competir e fazer bonito e que “barco velho” não serve só pra desfilar”.
Por fim, Douglas agradece por toda ajuda que recebeu para executar o projeto de restauração do veleiro. “O apoio que recebemos foi fundamental para podermos chegar até aqui. Sem ele não teríamos sido capazes de realizar com tanta maestria e excelência. Esse é o final desse primeiro capítulo dessa nova história do barco, torcemos para encerrar para entrarmos na campanha de 2024 com força total”.
Relembre a trajetória do Osprey VII
O Brasil passou a ser reconhecido mundialmente na categoria Snipe com o veleiro Osprey, lá na década de 1960. Ele é um barco da classe Snipe, numeral 12748, construído inteiramente em madeira também em 1960, no Rio de Janeiro. Com ele, Erik e seu irmão gêmeo Axel ganharam os mundiais de 1963 e 1965 e, junto com a conquista do mundial de 1961, se tornaram os primeiros tricampeões mundiais do Brasil. Esse barco é um dos três únicos que ganharam dois mundiais, nos 90 anos de disputa da classe, sendo, entretanto, o mais antigo entre os três.
O condutor do projeto é o niteroiense Douglas Gomm, velejador e campeão mundial Júnior da classe Snipe em 2013. A embarcação encontrava-se em estado de deterioração num clube em Santos (SP) quando foi descoberta e adquirida por Douglas, que não pensou duas vezes. “Quando vi o barco e fiquei sabendo da história, soube na hora que ele era o meu barco. Não importava o tamanho do desafio, mas o Osprey voltaria a correr regatas”, contou com entusiasmo o navegador.
Modernização
O projeto foi de uma reforma completa do veleiro, colocando-o “no osso” do casco, reparando todos os problemas existentes e implementando um layout que harmonize entre o clássico e o moderno, o que possibilitará ao barco competir de igual para igual com outras embarcações. “Vamos manter a pintura original do barco de 1965 após voltar do mundial, manter todas as características dele que são comuns aos barcos modernos ou que não interferem no seu desempenho. Vamos utilizar uma mastreação moderna, e o que há de mais moderno em ferragens e cabos com a mais moderna tecnologia”, detalhou Douglas.
Volta oficial às águas
A volta oficial do Osprey às águas aconteceu no evento-teste realizado em outubro de 2023, no Rio Yacht Club, em Niterói. A cerimônia contou com a presença de amigos, familiares e apoiadores do projeto de reforma do veleio, além da visita ilustre de Erick Schmidt, campeão mundial com o Osprey na década de 1960